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Eletroconvulsoterapia - Uma perspectiva atualizada no tratamento dos transtornos mentais

Résia Silva de Morais | Foto Divulgação

A eletroconvulsoterapia (ECT) é um tratamento que tem gerado debates na comunidade médica e entre pacientes. Embora ainda envolta em estigmas devido a representações em filmes e na mídia, a ECT evoluiu significativamente ao longo das décadas. Para esclarecer alguns pontos e entender melhor a aplicação moderna dessa técnica, entrevistei o Dr. Gustavo Resende Pereira (CRM4854 MG – RQE30736), médico psiquiatra especialista em eletroconvulsoterapia com vasta experiência na área.

“Há muitos mal-entendidos sobre a ECT,” começa Dr. Gustavo. “As pessoas frequentemente associam o tratamento à imagens ultrapassadas e assustadoras. No entanto, hoje, o procedimento é seguro e eficaz para vários transtornos psiquiátricos graves.”

A ECT é mais comumente utilizada para tratar:

- Depressão severa que não responde a medicamentos

- Transtornos bipolares

- Certos tipos de esquizofrenia

- Catatonia

- Depressão pós-parto severa

Quando os pacientes não respondem aos tratamentos convencionais, a ECT pode oferecer uma solução viável e muitas vezes crucial. Segundo o Dr. Gustavo Resende Pereira, a técnica envolve a aplicação de correntes elétricas controladas ao cérebro, induzindo uma breve convulsão. O mecanismo de ação da ECT está relacionado à sua influência sobre neurotransmissores, substâncias neuroendócrinas e neurofisiológicas. Além disso, o procedimento é rápido e dura, em média, de 3 a 5 minutos apenas, alterando a química cerebral e podendo aliviar os sintomas.

A Associação Psiquiátrica Americana (APA) considera a ECT um tratamento de primeira escolha em algumas situações específicas, como:

- Depressão grave com risco iminente de suicídio

- Depressão severa resistente a medicamentos

- Catatonia grave

- Transtornos bipolares com episódios maníacos graves ou resistentes a tratamento


Dr. Gustavo enfatiza que o procedimento é realizado sob anestesia geral, garantindo que o paciente não sinta dor. “O monitoramento constante e o uso de tecnologia moderna tornaram a ECT muito mais segura,” acrescenta. “Os pacientes geralmente experimentam apenas efeitos colaterais temporários, como confusão e perda de memória a curto prazo.”

É importante desmistificar a ECT e reconhecer seu valor terapêutico. Embora não seja o primeiro tratamento a ser considerado, para alguns pacientes, representa mais uma esperança real e tangível de recuperação. Dr. Gustavo conclui ressaltando a importância do acompanhamento médico contínuo. “Após a ECT, o acompanhamento é crucial para manter os resultados e ajustar o tratamento conforme necessário. Cada paciente é único e deve ser tratado com uma abordagem personalizada.” Além disso, o especialista destaca a importância do acompanhamento psicológico durante e após o tratamento com ECT. “O suporte psicológico é essencial para ajudar os pacientes a processarem suas experiências, lidar com possíveis efeitos colaterais e trabalhar em sua recuperação global. A integração de psicoterapia pode melhorar os resultados a longo prazo e proporcionar uma rede de apoio fundamental.”

Com a ECT, a psiquiatria moderna oferece uma opção poderosa e eficaz para aqueles que lutam contra transtornos mentais graves. A conscientização e a educação sobre o procedimento são essenciais para que pacientes e familiares possam considerar todas as opções disponíveis em busca de uma melhor qualidade de vida.


Résia Silva de Morais, CRP-MG 04/31203; Doutoranda em Ciências – UFU; Mestre em Psicologia da Saúde – UFU; Prof.ª. Psicóloga Clínica em TCC e Psicopedagoga - UFU; Especialista em Terapia de Casal, Família e Hospitalar.

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